
Vivemos um momento histórico no Brasil. Depois de aproximadamente setenta anos tentando tomar o poder à força, movimentos de esquerda chegaram ao poder no Brasil pela via democrática, o voto. Quase trinta anos após a redemocratização do país, após vinte anos de ditadura militar, podemos ver o resultado de todo este movimento político e revolucionário. O país tem a oportunidade de passar a limpo sua história e rever suas convicções políticas olhando para todo os contexto histórico sem as mentiras e a ficção costumeira. Na semana em que Emílio Odebrecht depõe a justiça sobre o papel de sua empresa na politica de nossa pátria, só idiotas e mal intencionados poderão negar o que fica a cada dia mais claro até para as pessoas mais humildes, o Brasil foi saqueado por uma mega organização de vigaristas aproveitadores. Como a história nos mostra, os governos de esquerda só sobrevivem por algum tempo a base de corrupção, de dinheiro roubado e acobertado por narrativas mentirosas. Foi assim na URSS, Cuba, Venezuela, Coréia do Norte, e por aí vai. Basta observarmos que a cada regime destes que cais, logo aparecem grandes milionários oriundos destes lugares. Mentiras, distorções, desconstrução da história, acusações vazias aos opositores, compra de apoio político com dinheiro sujo, ou seja, tudo que está vindo á público desde 2005 com o Mensalão e agora fica exposto com suas entranhas à mostra para todos verem. Já faz um tempo que voltei a manifestar minhas opiniões políticas, pois não fazia sentido ficar brigando com queridos amigos por conta de algo que eu não poderia resolver sozinho. Falo deste fenômeno que considero uma aberração, mas que tenho como exemplo acontecendo com amigos queridos, neste
texto aqui no blog. Mas pude ter o discernimento de fazer o raciocínio contrário e entender minimamente como as coisas funcionam na teoria.

Como havia lido Marx, Gramsci e Rousseau na época de estudante, estudei algumas teses de Lênin e Stalin através de alguns escritores e jornalistas da época, pude cruzar algumas informações que me deram a base para assimilar o discurso de quem defende a ideologia de esquerda. Passei a usar a narrativa exposta pela militância para acompanhar o raciocínio por trás de todo aquele discurso. É preciso também prestar atenção no que os políticos defendem, as leis que eles aprovam ou desaprovam. Isso vai além da ideologia, no fundo a intenção sempre será a mesma, alcançar o poder de controlar o dinheiro, as pessoas e o que mais for possível controlar. Falo especificamente disso no meu
canal do Youtube,
neste vídeo. Essa sempre foi a grande ambição de todos os conquistadores da história da humanidade, por que mudaria hoje em dia? Para ajudar pobres e miseráveis, como muitos acreditam? Claro que não. Uma população, que em sua maioria, sequer consegue conviver em família vai se importar com o bem-estar de estranhos? Precisa ser muito ingênuo para acreditar nisso. O fato é que os depoimentos que constam nas investigações da Lava Jato, e que foram revelados ao público, demonstram o quanto o Brasil é capaz de comprar uma mentira e defender com unhas e dentes quem manipula a população. Ao longo deste texto, tentarei ilustrar com fatos o que começa a se tornar a opinião da população em geral, viajando rapidamente no tempo e resumindo um pouco de nossa história.

Se voltarmos no tempo, lá pela década de 1920, já tínhamos movimentos que tentavam tomar quartéis e estabelecer uma revolução armada para tomar o poder no Brasil. Os movimentos revolucionários tenentistas, onde oficiais de baixa patente causaram revoltas em quartéis no Rio Grande do Sul, São Paulo e no nordeste brasileiro. Após a queda do império brasileiro e a entrada do pensamento revolucionário europeu em nosso país, viu-se que era possível, através de conspirações e luta armada, tomar o poder usando guerrilhas e agregando colaboradores em meio aos camponeses e trabalhadores mais humildes, como era comum e até chegou a obter sucesso em alguns países ao longo do século XX. Em 1930 já havia um forte e organizado movimento comunista no Brasil, com a Aliança Liberal e a criação do Partido Comunista (PCB), onde destacou-se, entre muitos outros, Luis Carlos Prestes. Como na "República Velha" havia o controle oligárquico ativo na política brasileira, e por consequência na economia, o inimigo estava posto e bem identificado. Como é de praxe, se buscou o apoio dos camponeses que trabalhavam nas grandes fazendas e eram explorados pelas famílias oligárquicas. Convido o leitor á estudar mais a fundo este período da nossa história para saber mais detalhes. O certo é que na república velha, os movimentos comunistas, embora esmagados pelos governos, acabaram por ganhar grande destaque e tinham a simpatia dos formadores de opinião como jornalistas, professores e intelectuais da época. O certo é que a revolução de 1930 foi marcada pela deposição de Washington Luís, a revogação da Constituição de 1891 e a dissolução do congresso. Começava a Era Vargas, onde o gaúcho Getúlio Vargas governou o país por quinze anos. Seu governo foi aos moldes do fascista italiano Benito Mussolini, que tinha origens ideológicas socialistas, mas que tomou um caminho mais autoritário no governo italiano na época da segunda Guerra Mundial. Foi neste período que Gramsci foi preso e escreveu os 33 cadernos do cárcere. Talvez isso tenha remetido ao revolucionário italiano, a semelhança com o tipo de governo totalitário no Brasil.

É preciso ter em mente que Getúlio Vargas já tinha as bases bem sólidas do que era um governo totalitário para pôr em prática tal tendência, como citei anteriormente. Assim criou-se a Consolidação das leis Trabalhista (CLT), no modelo que temos hoje. A criação dos sindicatos foi grande influência direta do fascismo italiano, pois Mussolini acreditava que ter representantes dos trabalhadores a sua disposição facilitaria a absorção de suas ideias pelas classes proletárias. Cabe um parentese aqui: Todo esquerdista costuma chamar um opositor de "fascista", ao mesmo tempo usa a defesa da CLT como base de discursos para a população e os sindicatos como liderança das militâncias. Percebe-se também traços do fascismo em regimes como o cubano, tão defendido pelos movimentos de esquerda no Brasil. É aquela expressão histórica de Lênin: Chame-os do que você é e acuse-os do que você faz. O fato é que o "getulismo" foi uma oposição forte aos movimentos revolucionários propostos pelos comunistas, embora flertasse com os modelos comunistas e socialistas, já que nessa época o Estado brasileiro começou a inchar e absorver intelectuais e movimentos esquerdistas. Com a redemocratização, os comunistas puderam se expandir ainda mais e já contavam com a integralidade do pensamento nacional. Se por um lado o Brasil conseguia atingir um crescimento econômico, principalmente com Getúlio Vargas e depois com Juscelino Kubitschek, a influência da Segunda Guerra e as revoluções soviética e chinesa, principalmente, deram um estofo poderoso para o crescimento socialista no mundo. No final da década de 1950, Fidel Castro tomaria à força o poder em Cuba, dando início a um processo progressivo de afirmação socialista no nosso continente. Acho importante aqui estudar a "Revolução Cubana", a trajetória de Lênin e Stalin na criação da União da Repúblicas Socialistas Soviéticas, a "Revolução da China" por Mao Tse Tung e as guerras do Camboja e da Coréia.

No período democrático, o Estado brasileiro cresceu bastante, mas as oligarquias ainda comandavam setores importantíssimo da economia, a industrialização era aperfeiçoada e a criação de Brasilia, projetada por Oscar Niemeyer, já dava traços comunistas ao Brasil. A pressão sobre o governo de Jânio Quadros, que dizia lutar contra a corrupção, que já era muito efetiva naquela época, fez com que o mesmo renunciasse. Entre períodos de legalidade e ilegalidade, o PCB se articulava e tinha uma nova liderança, Carlos Marighela, que era muito simpático ao regime vietnamita, e um ativo militante da causa comunista. Países como Bolívia e Argentina tinham movimentos revolucionários muito fortes. Che Guevara percorria os países da América Latina promovendo a organização armada de melícias revolucionárias em diversos países. Chegou a receber homenagens do governo brasileiro e aproximou-se de políticos como Leonel Brizola, entre outros. A América Latina estava dividida. Surgia o M.I.R chileno e a ditadura repressiva de Augusto Pinochet. As FARC colombianas tomavam o controle do tráfico de drogas e formavam uma poderosa organização armada. Essa pressão externa teve grandes reflexos no Brasil. Criou-s uma grande resistência antiamericana, porém os Estados Unidos eram parceiros comerciais antigos do nosso país. Isso se deu por causa da chamada Guerra Fria que nunca passou de propaganda, pois nunca houve uma disputa armada entre os Estados Unidos e a URSS. Os rumos do país estavam incertos devido as crises provocadas pelo governo João Goulart. Pressões populares, de empresários e de políticos da oposição fizeram com que o presidente e muitos políticos identificados com as forças revolucionárias fugissem do Brasil e buscassem asilo politico em outros países.

Em abril de 1964 o congresso dá como vazio o posto de presidente e os militares sobem ao poder. Inicia-se assim a Ditadura Militar no Brasil. A ideia era estabelecer a ordem, governar por seis meses e promover novas eleições. Isso não ocorreu, talvez por ciumes ou receio de quem pudesse vir a vencer as eleições alguém como Carlos Lacerda. Durante o regime militar prevaleceu o pensamento tecnocrata e a politica foi deixada em segundo plano. Oportunamente os comunistas, mesmo que em determinados momentos ficassem na ilegalidade e fossem perseguidos, reviram seus conceitos, pois no momento em que o socialismo/comunismo estava em alta no mundo e principalmente na América Latina, no Brasil os movimentos de esquerda eram perseguidos e muitos ativistas presos. Houve terrorismo no Brasil e conflitos entre os próprios membros da esquerda, opositores ao governo militar. Em 1968, o Ato Institucional numero 5 (AI5), promoveu forte repressão aos revolucionários. Mortes e tortura passaram a ocorrer com maior frequência. Teria sido nessa época, durante a prisão de políticos e militantes, que no convívio com presos comuns, germinaria as sementes de grupos como o Comando Vermelho. A coincidência de como Carlos Marighela ensinava táticas de guerrilha em seu "Manual do Guerrilheiro Urbano" e as atividades dos narcotraficantes nas décadas seguintes, ao tomarem favelas e comunidades mais pobres, indicam que houve sim uma relação muito próxima entre criminosos comuns e os presos políticos. Isso foi registrado em livro por Carlos Amorim, falando sobre o período em que o presidio da Ilha Grande fora o cenário para essa convivência. O próprio Carlos Marighela chega a citar este período em suas biografias e relatos pessoais.

Foi durante a ditadura militar que a produção intelectual ideológica de esquerda foi mais produtiva. Possivelmente neste período as ideias de Antonio Gramsci já estivessem em plena execução, pois os movimentos de esquerda precisaram rever seus passos e suas estratégias, pois, quanto mais investiam na tomada do poder pela força armada, mais fortaleciam o poder da opressão militar. Nesse período começam a aparecer as figuras que se tornariam importantíssimas no cenário politico nas décadas seguintes. José Dirceu, Genuíno, Rui Falcão, Dilma Roussef, entre outros militantes, que até então eram guerrilheiros e perseguidos políticos, começaram a reescrever a história brasileira criando uma narrativa onde eles seriam os heróis e não os guerrilheiros que tentavam implantar a "ditadura do proletariado". Isso foi fácil, até certo ponto, pois contavam com a plena colaboração de quem registrava a história como jornalistas, escritores, artistas e professores. Conforme o regime militar ia perdendo força e popularidade, mais a influência dos persistentes revolucionários, agora mais discretos e meticulosos, crescia e ganhava apoio popular. Aos poucos o Brasil foi se redemocratizando e a liberdade para se falar de tudo e para todos foi aumentando. Nesse ínterim a ideologia esquerdista já estava renovada, as guerrilhas começaram a ficar no passado, houve anistia a presos políticos, uma retomada no diálogo entre as classes e um novo momento estava nascendo. Entretanto, o Brasil começava a degringolar economicamente. Aqueles que colaboraram para manter certo controle econômico durante o governo militar foram excluídos e silenciados, sobre eles foi posta a pecha de traidores da pátria e golpistas. Assim, muitos intelectuais foram tendo seu espaço minguando e até sendo extintos na imprensa, nas atividades econômicas, empresariais, culturais e intelectuais. Construía-se assim a hegemonia esquerdista de pensamento. Sem uma direita representativa, sobre a qual caiam as maiores acusações de tudo que era mal, sobrava para a esquerda o total controle institucional e cultural brasileiro.

Na metade da década de 1980 já tinham cessado os poderes militares e o Brasil estava entregue, teoricamente, ao poder popular. Nesse período três partidos se consolidaram. O PMDB representando o estamento burocrático, presente na ditadura militar e com grande controle da máquina pública e domínio de todo o funcionamento do estado. Nele se destacavam políticos como José Sarney, Ulisses Guimarães, entre outros. O PT, nascido do movimento religioso adepto da teologia da libertação, dos movimentos sindicais, dos estudantes e antigos membros do Partido Comunista. Se destacaram no Partido dos Trabalhadores figuras como José Inácio Lula da Silva, Eduardo Suplicy, Olívio Dutra, entre outros. E o PSDB, representando a classe intelectual, certos seguimentos de empresários, jornalistas e escritores. No partido se destacaram Fernando Henrique Cardoso, Mário Covas, José Serra, entre outros. Essa trinca governaria o país nas décadas seguintes. Outros partidos de esquerda mais radicais foram surgindo, outros mais moderados, apareceram versões alternativas, mas se consolidou o pensamento de esquerda que ia do socialismo democrático ao comunismo, mas de forma amena e muito mais palatável para a população comum. Nesse tom originou-se a constituição de 1988, já no governo José Sarney, que substituiu o eleito Tancredo Neves que falecera antes de tomar posse. Esse momento politico foi marcado pelo desemprego e o crescimento assombroso da inflação. As consequências só não foram mais graves porque o povo estava anestesiado por causa da sensação de liberdade total pós-ditadura.

Por mais estranho que possa parecer, nas eleições de 1989, Fernando Collor de Melo venceria a disputa para presidente, superando candidatos muito representativos como Ulisses Guimarães, Leonel Brizola, Lula e Paulo Maluf. Até então havia um sentimento de que aquela era a fase mais corrupta da politica brasileira até então. Nesse discurso é que Collor pode superar seus adversários que eram vistos com receio pela população por conta do fracasso do governo Sarney. Como o então presidente eleito mostrou-se arrogante e autoritário, foi fácil para seus adversários políticos isolá-lo e derrubá-lo com o apoio popular, isso sem contar o seu total fracasso na administração do país. Fernando Collor renunciou assim que o processo de impeachment foi votado na câmara. Os movimentos de rua apareceram como força popular através dos "Caras Pintadas". Itamar Franco assumiu a presidência com o compromisso de recuperar a economia e trazer de volta os empregos para os brasileiros. Ao seu lado estava Fernando Henrique Cardoso, habilidoso social democrata, que com a ajuda de seus aliados conseguiu estabilizar a economia, reduzir a inflação e fortalecer uma nova moeda, o Real. Muitos políticos como Lula e Brizola foram contra ao rumos políticos do pais. Alegavam que FHC estava implantando uma politica econômica neo-liberal e a favor dos Estados Unidos. Isso não chegou a afetar sua popularidade junto aos investidores e economistas atuantes na época, muito pelo contrário, o Plano Real foi incensado por quase todos. Os políticos mais de esquerda passaram a promover inúmeras campanhas contra personagens que se destacavam no cenário politico através de CPIs. Entretanto, estava se estabelecendo uma nova disputa politica onde os partidos não disputavam ideologicamente e simplesmente disputavam a ocupação de cargos.

Fernando Henrique vence as eleições de 1994 e 1998. Seu governo foi estável, sua politica econômica permaneceu correta e possibilitou um crescimento interessante para o país. Foram criadas ONGs para exercer certas atividades específicas, privatizou-se algumas estatais, alguns programas sociais começaram a aparecer para combater a fome e a miséria, planos de moradias populares, incentivo ao primeiro emprego, mini reformas no ensino, e assim por diante. Sua popularidade começou a cair quando não conseguiu contornar o desemprego em seu segundo mandato. Como um social democrata fabiano, Fernando Henrique foi implantando suas ideias esquerdistas lentamente, com o apoio do PMDB, sempre presente na política desde a queda do regime militar. PT, PSDB e PMDB se garantiam no controle de prefeituras, governos de estados e em cargos importantes do governo federal, ativamente ocupando cargos eletivos ou fazendo parte de coligações governantes. Nesse meio tempo a URSS caíra na Europa e lentamente o socialismo no "velho mundo" ia perdendo força, mesmo com suas renovações ideológicas com a escola de Frankfurt, o esquerdismo fabiano e o nascimento da New Left nos Estados Unidos. Na América Latina, Fidel Castro ganhava muita notoriedade, tendo o respeito de Fernando Henrique no Brasil e Bill Clinton nos Estados Unidos. Mesmo com a queda do regime soviético, Cuba ganhava a parceria econômica de Bolívia e Venezuela, mantendo assim a forte influência politica na América Latina. Fundamental para isso foi a criação do Foro de São Paulo, entidade criada por Lula e Fidel Castro, que contava com lideranças políticas oficias como partidos e facções como as FARC e o MIR. Os encontros anuais promovidos por eles visava articular os diversos movimentos de esquerda com o apoio mutuo para a chegada ao poder em todos os países da América Latina.

Como Lula havia sido derrotado três vezes em eleições presidenciais com seu áspero discurso de esquerda, foi contratado o publicitário Duda Mendonça, que havia trabalhado para eleger Paulo Maluf e Celso Pitta em São Paulo, para poder polir o discurso de Lula e melhorar sua imagem perante o público. Como todos os adversários políticos estavam enfraquecidos por diversos ataques, através de CPIs e campanhas difamatórias, não havendo mais o rótulo aberto de esquerdista, pois para isso deveria existir uma direita efetiva, Lula se apresentava como um sujeito dado a gentil colaboração, paz e diálogo entre as diversas classes sociais. Ao lado de Lula estava o empresário José Alencar do PL como vice-presidente. Mesmo com as duras criticas de José Serra do PSDB e Ciro Gomes do PPS, Lula venceu o tucano no segundo turno das eleições e se tornou presidente do Brasil. Houve comoção na posse, os pobres se sentiam representados, pois um metalúrgico havia chegado ao poder. Como o próprio Lula dizia que tinha chegado ao cargo mais importante do país sem diploma algum, isso mexia com o brio dos mais humildes. O PT já era bem aceito, principalmente nas prefeituras de grandes capitais e contava com o apoio integral da CUT, UNE, igreja católica, veículos de comunicação e grandes empresários. Aquela imagem de revolucionário havia ficado para trás e a promessa de prosperidade, toda a narrativa consolidada da posse do monopólio das virtudes, foi de encontro com a ideologia das ruas. Os movimentos populares se aliaram ao governo e passaram a agir pontualmente em alguns setores e casos específicos, como agentes de pressão. Aqueles que lutavam nas guerrilhas, agora eram políticos importantes e ocupavam posições estratégicas dentro do governo. O presidente recém eleito se aproximara de José Sarney e Ciro Gomes constituindo importantes alianças politicas. O apoio do empresariado garantia estabilidade econômica e isso gerava empregos e boas perspectivas. Assim como no Brasil, Argentina, Uruguay, Bolívia, Venezuela, entre outros, tinham governos identificados com a esquerda que foram aparecendo gradualmente. A hegemonia ideológica conquistara o Brasil e começava a tomar toda a América Latina.

Algumas pessoas influentes começaram a se questionar como que aquela figura polêmica conseguiria governar frente a um congresso e um Senado tão heterogêneo. Uma coisa era vencer uma eleição, outra era garantir a governabilidade do país. A resposta já veio entre 2005 e 2006 com a descoberta do Mensalão, onde políticos de vários partidos recebiam propina para votar a favor do governo. Empresas públicas foram usadas e muitos nomes do PT foram denunciados, e até condenados, por corrupção. O Partido dos Trabalhadores já sofria com o assassinato do prefeito Celso Daniel em 2002, onde todos os evolvidos diretamente no caso foram assassinados. Isso foi abafado na época e possibilitou que a campanha do petista a presidência não fosse prejudicada. Porém, no mensalão, homens fortes como José Genuíno, ex-presidente do partido e José Dirceu, ministro chefe da casa civil do governo Lula, foram condenados durante o processo. Delúbio Soares e Marcos Valério, ao serem presos também, junto com outros políticos, empresários e doleiros, revelaram parte do funcionamento do esquema corrupto. Parte do esquema foi abafado e algumas pessoas mais foram presas e condenadas. Isso não foi o suficiente para manchar a imagem de Lula frente a população. Um estratégia toda particular foi criada para tirar a atenção do caso. Para os envolvidos não haveria problema algum roubar para beneficiar o partido, mas era preciso desviar o foco da opinião popular. Como haviam diversos partidos envolvidos, foi mais fácil conseguir o apoio para barrar as investigações num ponto onde ainda era possível contornar a situação. Se por um lado apareciam diversos casos de corrução envolvendo os membros do PT e de outros partidos, por outro o aceleramento econômico com politicas públicas de incentivo e a possibilidade do Brasil sediar uma Copa do Mundo e uma Olimpíada, fez com que os brasileiros desconsiderassem o ocorrido e seguissem acreditando no plano de governo. Para os empreiteiros e outros empresários não havia motivo para reclamações, pois o governo Lula possibilitou que grandes oligarquias empresariais pudessem acumular ainda mais seus lucros, muitas delas trabalhando para o governo, outras sendo beneficiadas com politicas que eram direcionadas para elas vencerem licitações em concorrências desleais.

Com a fragmentação do PT, alguns de seus principais representantes presos ou respondendo a processos, Lula apresenta Dilma Roussef como candidata a presidência nas eleições de 2010. Isso foi a garantia de que todos os compromissos do partido fossem cumpridos. Com o apoio maciço do PMDB, tendo como candidato á vice-presidente Michel Temer, o Partido dos Trabalhadores ampliava suas bases de apoio e poderia continuar seu plano de governo. Promessas foram feitas e os acordos para a realização dos dois principais eventos esportivos do mundo foram assinados. O governo tinha influência sobre as principais empresas do Brasil, controlava a imprensa tanto ideologicamente como economicamente, tinha uma oposição amena e facilmente desmoralizada perante o público em geral. As politicas internacionais viravam de direção para acordos com países como Angola, Venezuela, Cuba, entre outros menos viáveis. A falta de habilidade em lidar com as pessoas e com as situações adversas foi enfraquecendo o governo Dilma. As acusações de corrupção cresciam e muita gente já se mostrava desconfiada. Para marcar negativamente o enfraquecimento do governo petista, as obras para a Copa do Mundo e as imposições feitas para a realização da mesma começaram a gerar incertezas. Mesmo com o discurso do tal "Legado da Copa" muita gente humilde começava a padecer em filas de hospitais, com a violência crescente, os escândalos de corrupção sendo revelados e julgados e as sucessivas crises econômicas em alguns setores da sociedade. Em 2013, inicialmente motivadas pelo protesto de estudantes contra o aumento da passagem de ônibus, muitas pessoas começaram a ir para as ruas em protesto contra a corrupção e o governo. Neste período grupos foram criados e algumas pessoas começaram a levantar a voz contra o PT e seu governo.

Mesmo com todos os problemas estruturais e políticos, a Copa do Mundo fez amenizar os ânimos, pois as atenções do mundo estavam direcionadas para o Brasil. Muitas obras não foram acabadas, principalmente as que beneficiariam a população em geral. Porém, os estádios estavam de pé e prontos para receber os jogadores das seleções do mundo todo. Nesse meio tempo membros da FIFA, principal órgão do futebol mundial, apresentava escândalos de corrupção com a compra de votos para apoiar candidaturas para sediar os eventos. Algumas empresas ganharam notoriedade durante 2014, por estarem envolvidas nos principais contratos de construção da estrutura em torno do evento. A proximidade dos empreiteiros e dos políticos dava indícios de que tudo não passava de uma grande conspiração para enriquecimento ilícito e roubo do dinheiro público. Após a Copa, as atenções foram direcionadas para as eleições . Muito do que estava acontecendo no âmbito politico veio à tona, mas os petistas e seus aliados conseguiram contornar a situação, afinal, era uma competição entre velhos conhecidos, pois a maioria eram ex-petistas concorrendo contra Dilma, como Marina Silva e Luciana Genro. A primeira era candidata a vice na chapa liderada por Eduardo Campos que havia falecido em um suspeito incidente aéreo. Muitos acreditam que o então candidato havia sido assassinado. Na oposição estava Aécio Neves do PSDB, o nome mais forte do pleito. Entretanto, muitas suspeitas pairavam sobre a principal figura dos tucanos, dividindo internamente seu próprio partido. Lula chegou a ir a imprensa e falar que achava uma maravilha ter apenas candidatos de esquerda concorrendo a presidência. No final das contas, mesmo com todo o contexto posto, Dilma Roussef se reelege, num pleito que até hoje gera suspeitas de fraude, afinal, a empresa contratada para realizar as eleições através das urnas eletrônicas era a venezuelana Smartmatic e a impossibilidade de realizar uma perícia para verificar fraudes, ou uma recontagem de votos, era impossível..

No meio do caminho, uma operação da polícia federal com uma investigação sobre fraudes envolvendo postos de gasolina, caíram na jurisdição do juiz Sérgio Moro. A operação chamada de Lava Jato acabou por cruzar informações com as CPIs que investigavam indícios de corrupção na Petrobras. Rapidamente chegaram ao senador petista Delcídio do Amaral. A partir daí muitas pessoas ligadas ao governo passaram a ser investigadas. Entrou gente ligada a vários partidos até atingir o ex-presidente Lula. Com a gravidade do conteúdos das delações de alguns envolvidos que foram sendo presos, várias fases da operação começaram a avançar. Dilma tentou blindar Lula nomeando-o ministro, mas gravações vazadas pelo juiz Sérgio Moro vieram a público e o STF interveio anulando a posse. As pessoas foram para as ruas para protestar contra o governo e pedindo o impeachment da presidente. A militância petista e os movimentos sociais se articularam para se opor a essas manifestações. Houve uma polarização politica que tomou as ruas e as conversas de muitos brasileiros. Movimentos opositores ao governo começaram a ganhar corpo, abriu-se investigações internas sobre as contas da presidência e constatou-se fraude fiscal. Todo o discurso que reelegeu Dilma foi caindo em contradição por seus atos. O PMDB passou a acenar com uma possível saída do governo, através de uma carta vazada pelo vice-presidente Michel Temer, reclamando de seu posto apenas decorativo no poder. Muitos pedidos de impeachment foram abertos, mas apenas um foi aceito por Eduardo Cunha, então presidente da Câmara de Deputados, réu em processos de corrupção e respondendo por eles. Homologado o pedido de afastamento da então presidente, o processo seguiu para ser votado na Câmara e depois no Senado. Michel Temer assumiu a presidência em caráter temporário e depois em definitivo após o STF julgar o impeachment da presidente. Nessa sentença a mesma foi afastada, mas não perdeu os direitos políticos, o que contraria o texto constitucional. Uma manobra executada por aqueles que ocupavam cargos importantes por indicações de petistas.

Iniciou-se uma forte campanha contra Michel Temer. De um lado os que se sentiam traídos e alegaram que o mesmo realizara um golpe. Do outro, aqueles que viam no pmdbista um aliado do governo que apenas tinha perdido um membro. Nessas condições ficou muito difícil restabelecer a ordem no país, pois nunca personalidades da esquerda, mais diretamente do PT, atacaram com tanta raiva seus adversários políticos. Os movimentos de rua se intensificaram, houve ocupações de escolas, extremismo de ideias e o Brasil posto em cheque. Contudo, a operação Lava Jato avançou e mais nomes de políticos envolvidos em corrupção foram revelados. A cúpula do governo estava seriamente comprometida. Eduardo Cunha, Sérgio Cabral, Ike Batista, entre muitos outros foram presos. Estados como o Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul apresentaram gravíssimos problemas econômicos. A prisão de Marcelo Odebrecht e as delações premiadas começaram a revelar como todo o processo, que levou o PT ao poder e acabou por envolver membros de todos os partidos, foi executado. Ainda há uma militância fiel,e que jamais abandonará o PT, que insiste em apoiar o meliantes, pois para eles tudo não passa de conspiração. Para estes tudo não passa de um golpe para tirar gente honesta do poder e que lutava pelo pobres. Para aqueles políticos que estão no fio da navalha, só resta conspirar para tentar aprovar leis que possam salva-los da cadeia. Um pouco antes da delação dos membros ligados a Odebrecht ser homologada, morre o relator do processo Teori Zavascki, num acidente aéreo muito suspeito. Mesmo assim a operação segue com apoio popular, mas correndo sérios riscos de acabar antes de apurar todos os fatos e condenar os envolvidos. O fato é que toda a classe política está sob suspeita e não há um partido sequer que possa transmitir confiança a população.

Nessa semana de páscoa de 2017 ,o dono da empresa Odebrecht, Emílio Odebrecht, em seu depoimento a justiça divulgado na internet, revela que conhecia Lula desde os anos em que este era sindicalista e relata como funcionou todo o esquema de corrupção envolvendo financiamento de campanhas e trocas de favores que envolviam bilhões de reais, entre sua empresa e os políticos. Não é surpresa que Lula tenha se aproximado de diversos empresários poderosos e seja uma espécie de fantoche de alguns deles. Se por um lado havia a ideologia ligada ao PCB, partido que seu irmão Frei Chico era filiado, o mesmo admite que o irmão entrou na politica por influência dele, por outro havia o interesse das oligarquias que sempre estiveram por trás da politica brasileira, que voltou a ganhar força no governo petista e se aproveitando de eventos como a Copa do Mundo, as Olimpíadas e a influência de Lula no exterior para expandir ainda mais sua riqueza e seu poder. O próprio Emílio Odebrecht assume que a carta á população, que ajudou a eleger Lula em 2002, teve a participação direta da empresa. Voltando aquela ideia de pensar como o adversário, lembro de uma observação que um amigo esquerdista fez a pouco tempo: Isso é tudo obra das oligarquias que mandam no país. Ele utilizou essa frase quando fiz um comentário em uma postagem dele no Facebook, que falava sobre a ascensão de Guilherme Boulos e a possibilidade dele seguir o mesmo caminho de Lula. O que foi revelado essa semana acaba por comprovar que este meu amigo estava certo, há oligarquias poderosas que controlam tudo, ele só esqueceu de mencionar que a ferramenta de controle é exatamente o que ele defende, os políticos de esquerda que chegaram ao poder. Também não sejamos ingênuos, assim como os grandes milionários como George Soros injetam milhões em ativistas de esquerda, seria normal que no país mais corrupto do mundo, uma grande empresa utilizasse a influência do governo para aumentar sua fortuna. Se o que o patriarca da Odebrecht contou em depoimento é a mais pura verdade, é difícil afirmar, mas que todos os indícios apontam para a veracidade de todo essa história macabra, isso é verdade, só não vê quem não quer.

A torcida para que as pessoas se deem conta de que há uma necessidade vital de se rever conceitos sobre os políticos que elegem, que todos são farinha do mesmo saco e que o sistema político está falido, é muito grande e faço o possível para alertá-los de alguma forma. Como costumo afirmar para muita gente, e até sou alvo de deboche por conta disso, eu não voto em candidato algum. Nenhum deles me representa. Não confio em ninguém que mente descaradamente para garantir sua entrada no governo ou se manter nele. Gostaria muito de usar este espaço como fazia antigamente, escrever sobre meus sentimentos, sobre música e cultura, mas é impossível ficar a margem de tudo isso tendo filhos e uma família para sustentar. O Brasil precisa mudar radicalmente de ideologia e de sistema politico. As pessoas que estão a anos na politica estão comprometidas com tudo isso. Vamos acabar deixando com que tudo fique por isso mesmo, reelegendo gente como Lula ou Dilma, votando em Aécio Neves, mantendo gente como Renan Calheiros, Rodrigo Maia, entre outros tantos, a frente das instituições que deveriam zelar por nosso bem estar? Não mesmo! Talvez não haja volta e não consigamos recuperar tudo que perdemos, mas temos que, ao menos, limpar o Brasil destes malditos causadores de todo o mal que insisto em expor em todos os textos que escrevo neste espaço. O futuro do Brasil se definirá nos próximos dois anos e espero que não sobre nenhum destes bandidos em condições de concorrer as eleições de 2018. Precisamos ver esse malfeitores todos na cadeia para que sirvam de exemplo para as próximas gerações. Este é o texto mais longo que já escrevi aqui e espero que tenha servido para que ao menos uma pessoa reflita a respeito